O episódio ocorrido no dia 13 de setembro de 1915, nos campos da Fazenda Campo Alto, junto às cabeceiras dos Rios Jangada e Chapecó, na época Município de Palmas, hoje, Município de General Carneiro, é pouco referido pelos historiadores locais, porém, pela sua importância no estudo da história regional merece ser abordado.
Cleto da Silva em seu trabalho denominado “Apontamentos Históricos de Palmas e Clevelândia”, transcreve a notícia do Jornal “Missões”, de União da Vitória, onde é detalhado o acontecimento que gerou comoão entre os moradores da região. Dois fazendeiros tradicionais, o Capitão Cândido Mendes, proprietário da Fazenda Monte Alegre irmão do Cel. Domingos Soares, Prefeito de Palmas e o Cel. Domingos Pacheco, morador da Fazenda Santa Bárbara, neto do Barão dos Campos Gerais, decidiram fazer uma visita de apoio à aldeia de índios do Campo do Tigre. Foram recebidos pelos funcionários do serviço de catequese, os quais lhes serviram chimarrão enquanto os índios eram avisados da presença dos fazendeiros. Como de costume os visitantes entregaram ao cacique as armas de fogo e os facões. Desarmados foram barbaramente trucidados pelos índios com cacetadas. Junto com os fazendeiros também foi assassinado o funcionário Fioravante, considerado um dos melhores daquele posto.
Os dois fazendeiros gozavam de grande prestígio. O Cel Pacheco, cujo pai fizera parte da expedião de Pedro Siqueira Cortes, era chamado de “PAI VELHO”, pelos bugres mansos das tribos da região de Palmas, em virtude do trato que costumava dispensar-lhes. Sua morte causou consternaão geral e repercussão nacional. Por sua vez o Capitão Candinho Mendes era um dos maiores proprietários de Palmas de Cima. A Fazenda Monte Alegre, de sua propriedade, por se localizar na linha divisória entre o campo e o mato, era alvo de constantes ataques dos ferozes botocudos. Segundo consta abatia rezes para alimentar a matilha de cães que possuíam, a fim de conquistar a simpatia dos índios, porém, tratava-se de um povo refratário à civilização que estava sendo implantada.
Os fazendeiros da região tomaram conhecimento do ocorrido através de um funcionário que gravemente ferido sobreviveu à chacina. Os moradores e parentes das vítimas encontraram os seus corpos completamente mutilados e queimados.
A reaão foi violentíssima. Cães farejadores e matreiros experientes foram mobilizados no ataque de extermínio contra a tribo dos botocudos. Houve um terrível massacre contra os silvícolas, praticamente, foram banidos da região.
A Tragédia da Catequese encerra uma página cruenta da história da ocupaão desta terra, que implicou praticamente, no extermínio de um povo. Foi um dos últimos confrontos entre descendentes de paulistas e os primitivos moradores que lutavam contra a invasão dos brancos.
Infelizmente só encontramos relatos dos membros da sociedade conquistadora. O índio não dominava a escrita e os poucos sobreviventes apagaram da memória essa história de sangue e violência. Portanto, é da maior importância para a compreensão do processo de ocupaão dos Campos de Palmas, o estudo do relacionamento entre as duas civilizações que se defrontaram no início da instalação das fazendas.
Joaquim Osório Ribas
Ao ler hoje sobre esta tragédia, levo em conta que aqui em Papanduva também ocorreram embates sangrentos entre botocudos e tropeiros. Tenho muita coisa em meus registros históricos.
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